sexta-feira, 11 de junho de 2010

PORQUE NÓS CRISTÃOS ODIAMOS A POLITICA?

Ó cristão safado e preguiçoso, rápido e disposto a consumir porcarias que de nada edificam. Você seria capaz de explicar por que a preguiça de pensar tomou por completo sua vida? Tenha um pouco de paciência e reflita.

Minha reflexão se iniciou quando…

…procurado por dois amigos em fase de decisão sobre suas candidaturas nas próximas eleições, fui inquirido sobre qual minha opinião a respeito. Confesso que já gastei muito tempo de minha vida revendo convicções a respeito do envolvimento de cristãos na política e, naquele momento, eu só pude dizer que meu desejo era realmente que houvessem candidatos em quem eu acreditasse.

Apenas quero ACREDITAR de verdade.

O problema desta apatia generalizada que tomou conta de nossa geração, é que um alto preço será pago num futuro nem tão distante assim. Tudo continuará ruim e, por omissão, somos tão culpados quanto cada corrupto no poder deste país.

A questão é analisarmos se de fato é necessário que um cristão se candidate a um cargo público. A experiência nos diz que militantes evangélicos geralmente são os piores. Então como transformar a história de uma cidade/estado/país sem estar diretamente à frente do poder?

No auge da perseguição ao cristianismo dentro do Império Romano, surgiu uma máxima que pode nos guiar para um caminho excelente e desafiador. Diziam que “o pensamento cristão é mais poderoso do que Roma“. Infelizmente esta frase não pode ser utilizada nos dias de hoje.

Creio que não faz diferença se o vereador eleito é um satanista, macumbeiro, ateu ou um pastor. Todos são pessoas da mesma laia. Pecadores e incapazes de buscar naturalmente o que é JUSTO. Porém, creio também em duas forças que, aplicadas em conjunto, quase que inevitavelmente proporcionam sucesso na proposta de transformar politicamente determinada região.

A primeira força é a oração. Mas não irei gastar meu tempo explicando como isto se dá e os “porquês”. Levante seu traseiro fétido da cadeira e procure na bíblia. Vai encontrar muitas explicações claras a respeito disto.

A segunda força é a influência. Não a que os evangélicos tem obtido às custas de formação de currais eleitorais, ou da terceirização de funções públicas em troca de dinheiro; mas através da influência moral individual que cada cristão DEVERIA exercer.

O político satanista ou ateu deveria, em tese, temer. Deveria, independente de suas crenças individuais, nutrir o temor que o Império Romano sentiu pelo pensamento cristão. Deveria ter respeito pelos mártires cristãos de nossa geração; e por todos os que, independente de governo, crise ou qualquer outra coisa, continuam a viver intensamente um evangelho unanimemente reconhecido como genuíno.

E nós, deveríamos dar o exemplo. Sendo aqueles que, renunciando ao lado sujo da política (tão visível em nossos denominacionalismos), começássemos a busca incessante pela justiça; não mais reclamando da má administração dos impostos, mas revelando que somos capazes de empreender com o que nos resta… e até com a nossa própria vida se necessário.

Deixemos Roma cuidar do que lhe é próprio; enquanto nós continuaremos a gastar nossa vida exclusivamente com o que é imp0rtante: pessoas.

A política é o reflexo do povo.
Porém, a política também é o reflexo da omissão da Igreja em todos os níveis.
Quando nós fizermos nossa parte, toda a sociedade será transformada.

Inclusive a política.

Ariovaldo Ramos

sábado, 5 de junho de 2010

Marcha soldado cabeça de papel...

Acontece mais uma edição do megaevento conhecido como “Marcha pra Jesus”. Milhões de pessoas saem às ruas e avenidas da maior cidade da América Latina para… para o quê mesmo? Ah sim… para dar uma demonstração da força do povo evangélico.

Entre trios elétricos e gritos de guerra, lá vai o rebanho, já devidamente tosqueado, como aqueles soldadinhos da propaganda das baterias duracell.

Eu estava aqui nos EUA em 1991, quando li pela primeira vez uma matéria sobre a “March For Jesus” realizada nas ruas de Londres. Não havia trio elétrico, nem palanque com políticos ávidos por votos. Eram apenas cristãos com violões e outros instrumentos acústicos, dando testemunho de sua fé. Confesso que me identifiquei imediatamente. Parecia coisa de hippie. rs

Mas quem diria que quando o movimento fosse exportado para o Brasil, alcançaria o status de mega? Para rivalizar com ele, somente o Dia da Decisão da IURD e a Parada Gay.

Estou curioso pra saber quem vai subir ao palanque. Será Dilma ou Serra? E quanto ao candidato ao governo do Estado de SP? Quem será o “ungido do Senhor” da vez? Quem será o novo “José do Egito”?

Enquanto políticos desfilam nos palanques e trios, os soldadinhos de Gezuis balançam a cabeça, consentindo com esta vergonha.

Alguns cristãos conscientes e subversivos resolveram promover manifestos silenciosos durante a marcha. Preocupo-me com sua integridade física. No mínimo, serão desmoralizados por quem estiver em posse do microfone. Serão chamados de endemoninhados, hereges, filhos do capeta, e afins. Espero que logrem despertar a consciência de alguns.

Nossa igreja preferiu tomar outro caminho. Em vez de comparecer à marcha, seja em apoio ou em protesto, decidimos promover uma marcha particular. Sem estardalhaço, discretamente, nosso povo foi convidado a comparecer na Hemorio para participar de nossa campanha de doação de sangue (Dia dos Braços Estendidos). Não são muitas as pessoas que comparecem. Em uma das edições, chegamos a levar cerca de 100 pessoas. Já imaginou se aquelas ‘milhões’ de pessoas que marcham pelas ruas das metrópoles brasileiras, resolvessem estender os braços para doar sangue? A Hemorio teria estoque para muitos anos. E se fossem mobilizadas para socorrer as vítimas da injustiça social? Que estrago não fariam! Se o tema dessa “marcha” fosse a ética, contra a corrupção na política, ou mesmo em favor da justiça? Quantos compareceriam?

Pelo jeito, o que atrai realmente as pessoas é o oba-oba. Elas vão para assistir aos astros da música gospel, ou simplesmente para estravasar.

Não vejo qualquer problema com a marcha em si. O que me incomoda é a motivação dos organizadores, e a motivação de quem participa. Se em vez de terem “cabeça de papel”, os soldados que lá marchassem demonstrassem ter cabeça pensante, tudo seria diferente.

P.S.:

O site da igreja que promove o evento publicou a seguinte reportagem acerca do início da marcha de hoje:

O trio elétrico com o Apóstolo Estevam Hernandes e Bispa Sônia parou sobre o Rio Tietê para mais um momento de oração. “Vamos orar sobre estas águas para que Deus acabe com a miséria desta cidade e mude a história desta nação. Vamos profetizar e denunciar todo o vício e a miséria”, declarou o apóstolo. Durante a oração, ele lembrou que Jesus foi levantado para destruir as obras do diabo. Ele orou: “Tú és o Senhor de toda a bênção e dos milagres. Declaramos que depois dessa marcha, este país não será mais o mesmo. Que este poder e unção entre em cada casa e que esta terra, o Brasil, seja bendito! A Ti, Jesus, seja a glória, o poder, o domínio e a majestade. Amém!”

Finalmente! Agora tudo vai mudar! O rio Tietê ficou limpo de um minuto para o outro, representando a transformação que o Brasil vai experimentar de hoje para amanhã. Só mesmo tendo cabeça de papel para acreditar nisso. O que vai mudar o Brasil não são palavras proféticas como essa, mas o trabalho honesto e perseverante de gente disposta a fazer a diferença em sua própria esfera de atuação.

Entre tietes e tietês, parece que a igreja brasileira se perdeu no meio de sua marcha histórica.

Geniza / Hermes C. Fernandes