sexta-feira, 30 de abril de 2010



“Afinal, quem é tua cobertura?”

Esta é a pergunta concisa feita por muitos cristãos modernos em toda parte aos que se reúnem fora
da igreja institucional. Mas, o que há no âmago desta pergunta? Qual sua base bíblica? É disto que nos
ocuparemos neste post.
Sustento que o ensino moderno conhecido como “cobertura protetora” tem gerado uma enorme
confusão e uma conduta cristã anômala. Este ensino afirma que os cristãos estão protegidos do erro
doutrinal e do fracasso moral quando se submetem à autoridade de outro crente ou organização.
A dolorosa experiência de muitos me levou a concluir que o ensino da “cobertura” é um assunto
que perturba grandemente a Sião em nossos dias e exige uma reflexão crítica.
A “Cobertura” está Coberta pela Bíblia?
É surpreendente que a palavra “cobertura” apareça apenas uma vez em todo o NT. É usada
referindo-se à cabeça coberta da mulher (1 Cor. 11:15). Ao passo que o Antigo Testamento (AT) utiliza
pouco este termo, sempre o emprega referindo-se a uma peça do vestuário natural. Nunca é utilizado de
maneira espiritual ligando-o a autoridade e submissão.
Portanto, a primeira coisa que podemos dizer acerca da “cobertura” é que há escassa evidencia
Bíblica para construir-se uma doutrina. Não obstante, incontáveis cristãos repetem como papagaios à
pergunta “quem-é-tua-cobertura?” e insistem nela como se fosse a prova do ácido que mede a
autenticidade de uma igreja ou ministério.
Se a Bíblia silencia com respeito à idéia da “cobertura” o que é que se pretende dizer com a
pergunta, “Quem é tua cobertura”? A maioria (se insistíssemos) formularia esta mesma pergunta em
outras palavras: “A quem você presta contas?”.
Mas isso suscita outro ponto difícil. A Bíblia nunca remete a prestação de contas a seres humanos,
mas exclusivamente a Deus! (Mat. 12:36; 18:23; Luc. 16:2; Rom. 3:19; 14:12; 1 Cor. 4:5; Heb. 4:13;
13:17; 1 Ped. 4:5).
Por conseguinte, a sadia resposta Bíblica à pergunta “a quem prestas contas?” É bem simples:
“presto contas à mesma pessoa que você, a Deus”. Assim, pois, é estranho que tal resposta provoque
tantos mal entendidos e falsas acusações.
Deste modo, embora o tom e o timbre do “prestar contas” difira apenas da “cobertura”, a cantilena
é essencialmente a mesma, e sem dúvida não harmoniza com o inconfundível canto da Escritura.
Trazendo à Luz a Verdadeira Pergunta que se Esconde Atrás da Cobertura
Ampliemos um pouco mais a pergunta. Que é que se pretende realmente dizer na pergunta acerca
da “cobertura”? Permito-me destacar que a verdadeira pergunta é, “Quem te controla?”.
O (maléfico) ensino comum acerca da “cobertura” realmente se reduz a questões acerca de quem
controla quem. De fato, a moderna igreja institucional está construída sobre este controle.
Conseqüentemente, a gente raras vezes reconhece que é isto que está na base da questão, pois se
supõe que este ensino esteja bem ancorado nas Escrituras. São muitos os cristãos que crêem que a
“cobertura” é apenas um mecanismo protetor.
Assim, pois, se examinarmos o ensino da “cobertura”, descobriremos que está baseado em um
estilo de liderança do tipo cadeia de comando hierárquico. Neste estilo de liderança, os que estão em
posições eclesiásticas mais altas exercem um domínio tenaz sobre os que estão debaixo deles. É absurdo
que por meio deste controle de direção hierárquica de cima para baixo se afirme que os crentes estejam
protegidos do erro.
O conceito é mais ou menos o seguinte: todos devem responder a alguém que está em uma
posição eclesiástica mais elevada. Na grande variedade das igrejas evangélicas de pós guerra, isto se
traduz em: os “leigos” devem prestar contas ao pastor. Que por sua vez deve prestar contas a uma pessoa
que tem mais autoridade.
O pastor, tipicamente, presta contas à sede denominacional, a outra igreja (muitas vezes chamada
de “igreja mãe”), ou a um obreiro cristão influente a quem considera ter um posto mais elevado na
pirâmide eclesiástica.
De modo que o “leigo” está “coberto” pelo pastor, e este, por sua vez, está “coberto” pela
denominação, a igreja mãe, ou o obreiro cristão. Na medida que cada um presta contas a uma autoridade
eclesiástica mais elevada, cada um está protegido (“coberto”) por essa autoridade. Esta é a idéia.
Este padrão de “cobertura-responsabilidade em prestar contas” se estende a todas as relações
espirituais da igreja. E cada relação é modelada artificialmente para que encaixe neste padrão. É vedada
qualquer relação fora disto – especialmente dos “leigos” com respeito aos “líderes”.
Mas esta maneira de pensar gera as seguintes perguntas: Quem cobre a igreja mãe? Quem cobre a
sede denominacional? Quem cobre o obreiro cristão?
Alguns oferecem a fácil resposta de que Deus é quem cobre estas autoridades “mais elevadas”.
Mas esta resposta enlatada demanda outra questão: O que impede que Deus seja diretamente a
“cobertura” dos “leigos”, ou mesmo do pastor?
Sem dúvida, o problema real com o modelo “Deus-denominação-clero-leigos” vai bem além da
lógica incoerente e danosa a que esta conduz. O problema maior é que este modelo viola o espírito do
Novo Testamento, porque por trás da retórica piedosa de “prover da responsabilidade de prestar contas” e
de “ter uma cobertura”, surge ameaçador um sistema de governo que carece de sustento bíblico e que é
impulsionado por um espírito de controle.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Igreja X Política

(Uma Divisão Eterna)

Recebi muitos e-mails para escrever minha opinião a respeito de política partidária e igreja, gostaria de expressar o meu pensamento e o meu posicionamento a respeito do tema, baseado em textos bíblicos e não em sofismas, fábulas ou argumentos humanos.

O tema que me proponho comentar certamente requer algumas aulas de História Eclesiástica, na qual, com todos os méritos, pontos, e evidências, detectaríamos a vertiginosa queda da Igreja primitiva exatamente quando nossos irmãos do passado aceitaram a aliança com o Estado Romano, saindo assim da marginalidade que toda Igreja verdadeira deve ter sobre si, e tornando-se religião oficial do Império; recebendo então, o nome de Igreja Católica Apostólica Romana.

No Antigo Testamento o profeta Oséias já declarara que o povo de Deus estava sendo destruído por falta de conhecimento (4:6), Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento, Isaias (5.13). Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus, Jesus em Mateus (22.29),porém, como nada há novo debaixo do céu, as cenas vão se repetindo, somente mudando cenários e personagens.

Nos textos de Apocalipse 17 e 18 fica claro para quem conhece a bíblia que a união de igreja e estado para Deus é prostituição.

No Novo Testamento alguns hipócritas foram tentar Jesus com uma moeda (Mateus 22.21), perguntando se era lícito pagar tributo a César. Jesus perguntou-lhes de quem era a efígie. Obtendo a resposta de que era de César Jesus declarou: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. César representava o poder político (Estado), sua efígie estava em um lado da moeda.

O que eu gostaria de lembrar aos leiloeiros do povo de Deus, é que do outro lado da moeda não estava a face de Deus, isto para ficar evidente que, Evangelho e política nunca estarão de acordo. Política é o vexame e a vergonha que temos contemplado em todas as mídias, tantos de ímpios como dos ditos evangélicos que se envolveram em escândalos, e que são uma mancha na história da igreja. Evangelho significa “Boas Novas”, conversão de conceitos e valores, morais e espirituais.

Se Jesus quisesse deixar quaisquer palavras de harmonia entre Igreja e Estado, não teria existido melhor momento e oportunidade do que esta; portanto me deixem elucidar as palavras de Jesus para aqueles cuja covardia é insistentemente surda.

Ele disse: dai a César o que é de César, e assim todos nós temos feito. O ICMS, IPI, e taxas para circularmos pelas cidades são absurdos, e são sem misericórdia; ou pagamos ou não circulamos. Contudo, Ele não deixou de declarar dai a Deus o que é de Deus. Pelo que entendo no episódio, os homens podem ter seus direitos. Porém Deus não perdeu o seu. Portanto, como discípulo de Cristo, nunca deixarei, de dar a Deus o que lhe é de Direito, ou seja: Meu louvor e adoração, a gratidão, e em fim o cumprimento e reverência de Suas ordenanças e vontade em primeiro lugar. Qualquer observação aos estatutos humanos será sempre em segundo plano, desde que esteja em harmonia com a palavra de Deus, e isto quando me sobrar tempo (não se pode agradar a dois senhores). Como cristão já possuo a minha Constituição, e Ela se chama BÍBLIA única regra de fé e prática, e Jesus colocou um abismo entre política e estado. Após a multiplicação dos pães, tentaram fazer Jesus se “prostituir com a política”, fazer dele rei (João 6.15), esse diabo é louco mesmo não? Mas mais uma vez Jesus coloca um abismo entre o santo e o profano, retirando–se dali, foi sozinho para o monte, pois Ele é REI, mas o seu reino não é desse mundo (João 18.36).

O diabo também tentou Jesus através da política, “Disse-lhe o diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, pois a mim me foi entregue, e eu a dou a quem quiser. Portanto se me adorares. Tudo será teu. Jesus lhe respondeu: Está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a Ele serviras. Esse diabo é louco mesmo não? Jesus venceu a tentação mas muitos tem sucumbido e descem ladeira abaixo.

Retomando nosso primeiro ponto vou ser enfático e redundante. Crente que é crente não pode ser político, pois tem que se filiar, aliançar a partidos cujos participantes em sua maioria são pagãos e adoradores do diabo. Aliança política é desobedecer a Deus, segundo o que o apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito Santo escreveu aos Coríntios na sua segunda epístola versículo 14 e 15 “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis. Pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? Ou que parte tem o fiel com o infiel? “Será que dá para responder?” Quando se estabelece uma “Aliança” política o candidato é obrigado a votar e aprovar projetos segundo aquilo que o seu partido ordena, exemplo: legalização do aborto, lei da homofobia, carnaval etc.

Tiago 4.4 “Adúlteros e adulteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus?” Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.

Efésios 4.11-12 Fica claro que a edificação do corpo é em cima de cinco ministérios “apóstolos, evangelistas, profetas, pastores, mestres” a política não está incluída, o ser humano é um ser político, mas a política partidária, não tem espaço no corpo de Cristo, por que ele não está partido.

Quando um pastor diz-se também político, deveria tomar vergonha na cara, e assumir somente o seu lado político, pois pastor nunca foi.

Sou filho e neto de políticos, por isso tenho autoridade para falar sobre o assunto, conheço e sei bem o que tem na política, e por traz dela, aos cinco anos de idade perdi meu pai, morto em condições suspeitas, a causa da morte suicídio, com dois tiros no peito e um na cabeça, meu pai foi vitima de tentar ser um político honesto dentro de um sistema corrupto, podre e imundo, “política partidária é sujeira”. A primeira tentativa de unir o governo e o sacerdócio, na bíblia, quem fez foi Saul, o primeiro rei de Israel, (I Samuel 13.9), ele ofereceu o sacrifício, “político não pode tocar no altar”, só os sacerdotes podiam oferecer sacrifício a Deus, Saul foi rejeitado por Deus por essa atitude.

Outra tentativa foi a do rei Uzias, onde os sacerdotes cheios de zelo pela casa do Senhor resistiram a entrada de Uzias no templo, (2 Cr 26.16-20), Uzias ficou indignado “Eu sou o rei, e vou fazer a minha campanha política aqui no templo”, resultado o Senhor feriu Uzias com lepra.

O púlpito foi feito para pregar a palavra de Deus e não pode ser maculado por políticos, quem divide o púlpito com político é discípulo de Saul e Uzias e não de Cristo.

Política foi e sempre será a desgraça da Igreja. Por causa de posições e privilégios políticos, pastores traíram seus rebanhos para o comunismo. Por status no Brasil, para aparecerem com a mais deslavada cara na mídia, mercenários intitulados pastores, buscando apóio de mundanos, continuam a fazer do povo uma grande massa de manipulação e negócio (2 Pedro 2:1- 3). Apóstatas, homens que negam a eficácia do poder de Deus, rendem-se aos políticos e demais homens com posições sociais; honram e exaltam a pecadores, mas nada fazem pelos que temem ao senhor.

É impressionante como mesmo depois de conhecerem a Glória do Evangelho, certos homens permitem o descair de seus conceitos e valores, abrindo mão das maravilhas eternas, em troca de ilusões tão efêmeras. Por valores temporais e pelo brilho do ouro, a vista de muitos pastores têm sido entenebrecida, e com assombrosa facilidade denigrem o santo e engrandecem o profano. Mas como diz Pedro, para estes a condenação não dormita, e o juízo não será tardio.

Judas 1.3 “Não aceitem essa baixaria”, nossa raiz é protestante, somos desafiados protestar e a batalhar pela fé que nos é comum.

Gálatas 1.8-9 “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema. (Maldito) Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (maldito)

Apocalipse 22.18 Eu advirto a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro.

O autor aos Hebreus em sua epistola no capitulo 11.13-16 “Todos estes morreram na Fé[...] Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, pois já lhes preparou uma cidade.

Gostaria de citar um texto da história do cristianismo “A era dos mártires” do Gonzáles, sobre uma mulher que entre todos os que foram martirizados para que a igreja fosse gloriosa, sem máculas, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreencível, me chama atenção e merece destaque:

“Porem, a mais destacada de todos estes mártires foi Blandina, uma mulher frágil por quem temiam seus irmãos. Quando lhe chegou o momento da tortura, mostrou tal resistência que os verdugos tinham de se alternarem. Quando vários dos mártires foram levado ao circo, Blandina foi pendurada num madeiro em meio deles, e dali os encorajava. Como as feras não a atacaram, os guardas a levaram de novo ao cárcere. Por fim, neste dia de tão bárbaros espetáculos, Blandina foi torturada em público de diversas maneiras. Primeiro a açoitaram; depois a fizeram ser mordida por feras; sem seguida fizeram-na assentar-se em um assento de ferro quente; e ainda a encerraram em uma rede e fizeram com que um touro bravio a chifrasse. Como em meio a tormentos Blandina segui firme em sua fé, finalmente as autoridades ordenaram que fosse degolada.

Blandina não se dobrou ao poder político de sua época, esse mesmo estado que a torturou e matou, entre outros cristãos, uniu-se a igreja, através do imperador romano Constantino.

Martin Lutero separou a "Igreja de Jesus Cristo" do estado e da religião em 1517, e em nossos dias esse mesmo “espírito”, tentando unir de novo “Estado, religião e igreja.”

Lembrando que foi a união da religião e o estado, que perseguiu e crucificou Jesus.

Jesus não tem parte nem com a religião nem com o estado, Jesus não e religião e nem politica, e não faz parte de nenhum sitema humano e mundano! A igreja é uma extenção do seu ministério, somos chamados a fazer as mesmas obras, e a nos espelharmos no mestre, que é o cabeça da igreja, para sempre, amém.

Uma verdade não se torna verdade por muitos acreditarem nela, e a verdade não deixa de ser verdade por muitos não acreditarem.

“EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA”

Ser cristão é ter vida com Deus e andar nos seus caminhos, obedecer a sua palavra, e a sua verdade que é absoluta, e não relativa.

Amados não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus porque já muitos falsos profetas têm surgido no mundo. (1 João 4.1)

2 Corínthios 11.2-15

Mateus 7.15-23

Essa teologia que prega a união da igreja e estado, é chamada teologia do domínio, e é mais uma contaminação importada dos E.U.A, como a teologia da prosperidade, evangelho da auto-ajuda, etc.

Vocês que criaram, pregam e seguem esse novo evangelho, são uma mancha, uma vergonha e o espúrio da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo!

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Tem o cristão parte na política?

por C. H. Mackintosh , em resposta a uma carta

Em relação à sua pergunta: «Que ensina a Palavra de Deus a respeito da posição de um cristão quando é convocado a votar para a eleição dum membro do parlamento?»

Talvez se alarme quando lhe dissermos que a sua pergunta toca os fundamentos principais do cristianismo. Perguntamos, querido amigo, a que mundo pertence o cristão? Pertence a este mundo ou ao mundo de cima? Está a sua cidadania na Terra ou no Céu? Ele está “morto para o mundo”, ou está “vivo nele”? Se ele fosse um cidadão deste mundo, se o seu lugar, a sua porção e o seu lar estivessem aqui em baixo, então, certamente, jamais seria suficiente a sua comprometida actividade nos “assuntos deste mundo.”
Se ele fosse um cidadão deste mundo, de facto, deveria votar para a eleição dos vereadores do município ou para os membros do parlamento ou para a eleição de um presidente da república; deveria fazer todos os esforços possíveis para conseguir pôr o homem correcto no lugar adequado, quer fosse no conselho municipal, ou na câmara dos legisladores, ou no poder executivo. Deveria dedicar todos os seus esforços e meios ao seu alcance para melhorar e regular o mundo. Se, numa palavra, ele fosse um cidadão deste mundo, deveria, com a melhor das suas capacidades, desempenhar as funções pertencentes a tal posição.

Mas, por outro lado, se for certo que o cristão está “morto” com respeito a este mundo; se a sua “cidadania estiver nos céus”, se o seu lugar, a sua porção e o seu lar estiverem no alto; se ele for só um “estrangeiro e peregrino” aqui em baixo, então segue-se que ele não é chamado a comprometer-se de maneira alguma com a política deste mundo, mas a seguir o seu caminho peregrino, “submetendo-se pacientemente a toda instituição humana por causa do Senhor”, prestando obediência às “autoridades” estabelecidas por Deus e orando “por todos os que estão em eminência” a fim de serem guardados e estarem bem em todas as coisas.

Mas, pergunta pontualmente: «o que ensina a Palavra de Deus» sobre este ponto?, uma pergunta extremamente importante. “O que, pois, diz a Escritura”? (Rm 4:3). Uma passagem, ou duas, serão suficientes. Ouçamos o que diz o Senhor quando se dirige ao Pai em referência aos Seus que “estavam no mundo” (Jo 13:1): “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como Eu do mundo não sou.” (Jo 17:14-16 ACF) Ouçamos também ao inspirado Apóstolo sobre este mesmo tema: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam. Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da Cruz de Cristo, Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade (πολιτευμα) está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fl 3:17-20 ACF) E de novo lemos também na epístola aos Colossenses: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.” (Cl 3:1-4 ACF)


Há quem diga, não obstante, que as Escrituras citadas já não se aplicam hoje; que “o mundo” de João 17, não é o mundo do nosso presente século; que o de então era um mundo pagão, enquanto que o de hoje em dia, é um mundo cristão. A todos os que assumem esta posição, não temos nada para lhes dizer. Se o ensino do Novo Testamento esteve planeado só para uma época passada; se tão somente for efectivo para as coisas que já passaram, e não tem aplicação para as coisas que são, então, certamente, não podemos saber onde estamos parados, nem a que lugar ir para achar um guia ou uma autoridade. Mas, graças a Deus, contamos com um guia divino e, portanto, plenamente suficiente para todas as épocas, para todos os tempos e para todas as condições. Se, pois, temos de ser guiados unicamente pela Escritura, esta em parte alguma nos autoriza a que nos comprometamos com a política deste mundo. A Cruz de Cristo tem quebrado o laço que nos ligava a este mundo. Estamos identificados com Ele. Ele é o nosso Modelo. Se Cristo estivesse aqui, acharia o Seu lugar fora dos limites deste mundo. Não veríamos Cristo na sessão do conselho municipal, no tribunal, na câmara legislativa ou com a espada na Sua mão. De repente, Ele empunhará o ceptro, desembainhará a espada e tomará as rédeas do governo nas Suas mãos (Queira Deus que esse dia chegue rapidamente!) Mas agora Ele é rechaçado, e nós somos chamados a participar do Seu rechaço. Como cristãos, o nosso caminho neste mundo é a obediência ou o sofrimento. Somos chamados a orar “por todos os que estão em eminência” (1Tm 2:1-2), mas não a estarmos no lugar da autoridade, nós mesmos. Não há uma só linha das Escrituras que me guie a votar nas eleições, ou igualmente a ser membro político ou magistrado. Por esta razão, se eu actuasse debaixo destas considerações, está-lo-ia fazendo, sem uma única palavra de direcção do meu Senhor; e pior ainda, estaria actuando de uma maneira totalmente oposta a Ele, e em directa oposição ao espírito e ao ensino do Novo Testamento.

Queira Deus fazer-nos mais fiéis a Cristo! Que sejamos libertados mais completamente, em coração e espírito, deste “presente mundo mau”, assim como também capacitados para prosseguir, com santa determinação, o nosso caminho peregrino ao longo das areias do deserto deste mundo! Sabemos perfeitamente que o que temos escrito sobre este tema resultará desagradável e impopular, mas isto não nos terá de impedir que de falemos a verdade, como tampouco nos impedirá que actuemos conforme à verdade.

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Tradução de Carlos António da Rocha

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Troca

Palavra pregada pelo pastor Enzo Perondini culto de domingo 11/04/10

Resumo para células

Texto I Sm 16.13-23

Vs. 13 – Há uma troca de posição, uma troca na guarda do reino, automaticamente, quando Deus faz essa troca também mudam os planos.

Quantas mudanças aconteceram ao longo de nossa vida? Quantas ainda ocorrerão?

Quando às mudanças vem da parte de Deus, há princípio talvez você não entenda e nem goste, mas no futuro você só vai glorificar!

No fim da mensagem você vai entender que algumas mudanças são necessárias e fundamentais para nossa vida, e para os planos de Deus conosco.

Quando Samuel derrama o azeite sobre a cabeça do menor e mais desprezado dos filhos de Jessé:

Saul não sabia que uma troca estava ocorrendo.

Muito menos Davi, ele sequer tinha uma idéia, do que Deus iria fazer em sua vida.

Davi nesta época tinha 12 anos, era um adolescente, alguns historiadores acreditam que quando enfrentou o Gigante Golias tinha de 15 a 17 anos.

Davi foi ungido para ser rei; mas antes foi harpista, marmiteiro, pastor de poucas ovelhas.

Se Deus te chamou para ser rei, você não vai se importar, em ser chamado pelos homens para ser marmiteiro.

Se você acreditar que Deus te chamou, te escolheu, tem planos, propósitos, separou, “ungiu”, se você tiver essa certeza em seu coração, (Hb 11.1 Fé é a cert.[...]), pode voltar para suas poucas ovelhas e aguardar o tempo, pois Deus vai te levantar.

Quando você tem a consciência do seu chamado e te colocarem como marmiteiro, você não vai se importar por que sabe que é rei!

Uma das coisas mais comuns de acontecer tanto dentro do corpo de Cristo, como fora, é a inveja.

A natureza humana produz inveja, nas pessoas que sabem que você vai chegar lá!

Está estampado na sua testa, “ele vai chegar lá”; “ele(a) nasceu para vencer!!!”

E as pessoas que te invejam, já perceberam, e o resultado é a calúnia, a difamação, críticas, perseguições, oposição total!

Se você tem problemas na sua igreja, no seu trabalho, na família, “oposição”, é por que essas pessoas sabem que você vai chegar onde tem que chegar, você nasceu para vencer, por isso não gostam de você.

O seu sucesso vai trazer incômodo a muita gente, mas eles acreditam na sua vitória até mais do que você.

Ex: Josué 1-24

Raabe uma prostituta que chegou lá.

Foi tataravó de Davi e entrou na genealogia de Jesus (Mt 1.5)

Não nasceu para ser prostituta, nasceu para vencer, e para registrar na história a sua passagem, e que ela “chegou lá”.

O passado dela não atrapalhou em nada, porque ela enterrou o seu passado em Jericó.

Enterre o seu passado embaixo do sangue de Cristo, passado é morto, pare de carregar morto nas costas, largue o morto, e carregue o Vivo, Jesus é leve e suave (Mt 11.30)

Toda a armação, dificuldade, barreiras, oposição dos invejosos, não tem relevância, não importa se a unção está sobre a sua cabeça.

Quem tem unção, não se importa em ser marmiteiro, pelo contrário, vai levar a marmita com alegria.

Qual sua profissão? – Sou marmiteiro! Eu levo a comida para os meus irmãos na guerra.

Na vida passamos por humilhações, todos vão passar, são de diferentes tipos, mas faz parte do processo.

Mt 23.12 Pois quem a si mesmo se exaltar será humilhado, e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.

Quando Samuel derramou o azeite sobre a cabeça de Davi, ele estava abaixado, tem pessoas que não abaixam nem para receber o azeite!!!

A humilhação é a medida para o azeite chegar à sua cabeça.

Quando você está abaixado, no chão, está nivelado a Cristo, na humilhação (Fl 2.5-11)

A humilhação “gera a exaltação”, você “engravida”, fica fértil, de graça e amor de Deus.

I Pe 2.19 Pois é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente.

Desarme-se pegue a harpa e adore a Deus!

Você não é marionete na mão do diabo, ele não pode ditar normas e direções para sua vida e ministério.

Só Deus pode trazer mudanças para sua vida, “cada um no seu quadrado”.

Jesus nos ensinou a orar e a perdoar. (Mt 5.44)

Quem é cabeça age, quem é cauda reage, seja cabeça e não cauda.

Pv 25.21 Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão[...]

Nossa luta não é contra o sangue e a carne (Ef 6.12)

Cristianismo não é teoria é prática, quem não pratica edifica sobre areia (Mt 7.24-27)

Se te serve de consolo: “Cl 3.25 Quem faz injustiça receberá em troca a injustiça feita e nisso não há acepção de pessoas”.

Quando o marmiteiro Davi foi feliz, alegre e saltitante, levar a marmita a seus irmãos Eliabe:

I Sm 17.28

Pastor de poucas ovelhas.

Podem ser poucas, mas tenha responsabilidade, Davi deixou as ovelhas com um guarda. (17.20).

Status e papel – conjunto de deveres e direitos.

Não adianta você ter um crachá de pastor e não cuidar das ovelhas.

Ser pastor para um jovem era uma grande humilhação, no contexto de Davi, pois era um papel que mulheres e idosos desempenhavam, o sonho dos jovens era ter o status de ser do exército de Israel, ser soldado, ir para guerra, e não ser pastor.

Mas faz parte do processo, ter poucas ovelhas, Deus nos treina com poucas ovelhas.

“Seja fiel no pouco e te colocarei no muito”, cuide das poucas, se você quer muitas, Deus está te treinando.

Tem pastor que tem milhares, mas não cuida nem de uma.

Tem pastor que nem da sua esposa cuida, e a esposa fica refém do marido, pois se abrir a boca acaba com o ministério do pastor.

Você não precisa de muitas ovelhas para treinar.

Entenda que a unção não te coloca na posição, mas a unção faz o seu papel, faz o seu trabalho.

Deixe a unção trabalhar, e se contente com o que Deus confiou a você, a responsabilidade é grande, nós somos mordomos, o Senhor é o Pastor Sl 23.

Davi foi ungido com 12 anos, mas só aos 40 reinou.

A unção trabalhou 28 anos na vida dele, e ainda assim não completou o seu trabalho.

Deixe a unção trabalhar, quanto mais tempo ela trabalhar, mais poderoso será o seu trabalho.

Você vai observar, muitos rapidamente, subindo e descendo, “quebrando a cara”, por não ter paciência e esperar o tempo e o trabalho da unção.

Deus não queima etapas no processo.

Você tem talentos e dons, que nem sabe que tem, precisa descobrir.

Você já nasce com eles, descubra seus talentos.

Os servos de Saul disseram: Saul você está cheio de demônios!!!

Quantos pastores estão atrás dos púlpitos nessas condições?

Não vem com esse papo de ungido do Senhor, Saul também era!

I Ts 5.19 Não extingais o Espírito Santo, Mt 12.45 Sete vezes pior!!!

Tem oportunidades que Deus vai criar só para você, portas que Ele vai abrir, e só você vai passar, não cabe outro, é você que vai entrar.

Todos podiam tocar harpa, mas só Davi, tocava e expulsava demônios.

No Egito tinha muitos magos, bruxos e videntes, mas um só José.

Na Babilônia tinha muitos astrólogos, encantadores e feiticeiros, mas um só Daniel.

Só havia um Davi.

Em toda a criação Deus não faz duas pessoas com a mesma digital, “somos iguais, mas diferentes”!!!

Planos que é só para você! Deus vai colocar gigantes diante de você, e é a sua grande oportunidade.

Esconda todo o teu potencial atrás de sua simplicidade (16.19)

Davi era um tremendo músico, um grande tocador de harpa, mas era conhecido como pastor de ovelhas.

Tem muita gente cantando, mas não canta nada, pregando mas não prega nada.

Tem muita gente que canta, mas não está cantando, prega mas não está pregando.

Deus vai trocar!!!

Esconda os seus segredos por traz da sua simplicidade e você vai ver o que Deus vai fazer.

Muitos tocam, mas só alguns conseguem trazer a presença de Deus!

Quando a presença de Deus é atraída, os demônios fogem.

“Davi por que você cuidou bem de minhas ovelhas, vou te dar alguns salmos!!! Vou te promover, serás conhecido como o cantor de Israel.”

Quer ser promovido? Cuide bem das ovelhas!

Vs. 21 – Agora compare esse versículo, que Davi estava no palácio, com 17.15

Esteve no palácio para ser exorcista, harpista, escudeiro, mas ele ia e voltava do palácio para apascentar as ovelhas.

Ele não se encantou com o palácio, porque pastor gosta de aprisco e não de palácio, pastor quer estar com as ovelhas.

Algo atraia Davi para o aprisco – Seu coração! “Saul me dá uma folga para eu ir ver minhas ovelhas...”

Quem é chamado por Deus para ser pastor, não quer estar na “câmara dos vereadores”, no “palácio do governo”. Em seu coração, quer estar com ovelhas! Tem o coração na obra! Política e altar não combinam! Saul foi rejeitado por quis essa combinação (I Sam 13:18)

Jesus colocou um abismo entre política e altar “A Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus”.

Você é escravo do que fala e Senhor do que não fala!

Conheci muitos hipócritas na vida!

Melhor não falar, do que falar algo e não cumprir, até o tolo calado passa por sábio.

Político fala e não cumpre, mas sacerdote não é político, mas se age como político, Deus vai mudar.

O gigante era a oportunidade de Davi!

Vs. 21 Saul o amou muito, e o fez seu escudeiro.

Davi não foi só escudeiro, ele foi “pajem de armas”, que seria a tradução correta.

Davi fabricava as armas de Saul.

Existem técnicas na fabricação das armas, por exemplo:

Nas flechas, para cada distância, havia um peso diferente, 20, 40, 60, 80, 100mts., o peso fazia toda a diferença.

O pajem de armas além de fazer as flechas no peso certo, ele media a distancia, tinha visão e decidia qual era a flecha correta, o peso certo e a distancia correta para o alvo.

Deus estava treinando Davi para sua grande oportunidade.

Quando Davi foi enfrentar o gigante, pegou cinco pedras no rio.

Cada pedra tinha um peso específico para o alcance do alvo, 20, 40, 60, 80, 100mts.

Quem foi o pajem de armas de Davi? Quem preparou aquelas pedras?

Davi tinha aproximadamente 17 anos; você faz idéia de quantos anos, Deus demorou, para fazer aquelas pedras?

Saul o amou muito!- “Não creia no amor dos homens sem Deus, e nem dos homens de Deus que não te respeitam”

Você se esforça, trabalha, batalha, luta para ajudar uma pessoa, essa pessoa diz que te ama, morava na favela, e quando sobe e se estabelece, finge que não te conhece.

Já aconteceu com você?

Aconteceu com Davi:

17.55-56 Quando Saul viu [...]

Não se preocupe se isso aconteceu com você, não interessa a opinião pública, interessa que você vai desfilar com a cabeça do gigante nas mãos, por que você nasceu para vencer.

Sabe por que Saul não reconheceu Davi?

Por que quando você cresce você fica irreconhecível, João Batista disse é necessário que eu desapareça, para que Ele cresça!

Você vai crescer, por que você nasceu para vencer, mas se você tem um coração segundo o coração de Deus, mesmo com a coroa de rei, continuara sendo pastor, ou estará sujeito a uma troca.

Pelos frutos vos conhecereis!

terça-feira, 13 de abril de 2010

7 Pecados da liderança atual

texto de 1 Pedro 5.1-4.

Com o surgimento dos movimentos pentecostais novos, comumente chamados de neopentecostais, algumas características se tornam evidentes na liderança dessa parcela eclesiástica.

Contrariamente às recomendações de Pedro aos líderes da igreja de que o líder deve ser (1) testemunha (mártir) dos sofrimentos de Cristo; (2) de que não deve exercer o pastoreamento por constrangimento, isto é, obrigado a pastorear como se a igreja dependesse dele; (3) de que não deve andar de olho no dinheiro alheio (sórdida ganância) e (4) de que não deve ser dominador do povo, ou do rebanho porque este é de Deus, muitos dos atuais líderes da igreja, especialmente os que ostentam o título de apóstolos agem no sentido oposto.

A seguir colhi sete características dessa liderança atual – que não é apenas da liderança neopentecostal, mas também de muitos líderes de igrejas pentecostais históricas.

1. Autoritarismo.

Tais líderes advogam a si o direito de ter a palavra final em questões doutrinárias e de práticas cristãs. Crêem que podem criar novos padrões de ensinamento e neles atrelar a congregação. Era assim também no passado quando pastores de denominações pentecostais decidiam o que o povo devia usar, o que pensar e em como viver. Felizmente algumas denominações amadureceram e abandonaram tais práticas que vêm sendo adotadas com grande ardor pelos novos líderes pentecostais. As pessoas são orientadas a viverem conforme o pensamento do líder e de maneira a agradá-lo. A “doutrina” ou ensinamento apostólico foi por eles aperfeiçoado, porque tirou do povo o direito à vida e de decidir o que fazer e de como viver.

2. Dominadores do rebanho.

Hoje os apóstolos, bispos, presbíteros e pastores – não importa o título que ostentem – decidem se os membros devem celebrar o Natal, os alimentos que devem comer, as festas que podem participar, os DVDs que devem assistir e quais igrejas ou congregações podem visitar.

Tal autoritarismo não é próprio apenas de igrejas neopentecostais, mas também de alguns que se dizem “igreja” sem nome; comunidades cristãs, etc. que mantêm sob regras rígidas o comportamento e o estilo de vida de seus membros, ou discípulos. É possível ver este autoritarismo em várias denominações também. Nunca ouse pensar ou agir de maneira que contrarie seu líder! O líder é o novo paradigma ou modelo de fé a ser seguido, e não os modelos da Bíblia.

3. Ganância financeira e luxúria.

A ostentação de riqueza, o ganho fácil e a confortável vida movida a aviões particular, helicópteros e festas não é própria apenas dos neopentecostais, mas também de outros segmentos da igreja – uma dessas igrejas, até bem tradicional, em que seu líder se locomove para a casa da montanha de helicóptero, enquanto exige que seus membros nem televisão possuam!

Enquanto milhares de obreiros residem em casas modestas no meio de sua comunidade, ao nível do povo que pastoreiam, vivendo na simplicidade, buscando o mínimo de conforto, outros se afastam do meio do rebanho e passam a viver em condomínios inacessíveis ao povo. Sua congregação não tem acesso a casa deles – diferentemente de quando nossa casa estava aberta aos irmãos. Essa é a nova cara da liderança eclesiástica da igreja brasileira.

4. Usam o púlpito como arma de ataque.

Por trás do carisma que lhes é peculiar tais ministros fazem o que querem com o povo; se justificam, demonstram humildade e santidade e aproveitam para atacar sutilmente os que lhe desobedecem as ordens. Frases como “aconteceu tal coisa porque não ouviu o homem de Deus” é comum ouvir de seus lábios. É a justificação de uma aparente santidade. As pessoas precisam vê-los como homens de Deus, líderes espirituais íntegros; no púlpito diante de seu povo riem, choram, profetizam, pulam, gesticulam e pregam mensagens de prosperidade. Assim, conseguem encobrir do rebanho suas verdadeiras intenções, para que este não se interesse em saber como é a vida deles no dia a dia de sua vida particular.

E grande parte dos crentes defende o estilo de vida de seus líderes, e se dobra perante eles como faziam os escravos diante de seus senhores.

5. A sacerdotização do ministério.

Alguns desses novos líderes criaram a nova casta de “levitas” que são os que cuidam do louvor da igreja, mas criaram também a “família sacerdotal” que é composta do líder e de seus familiares, num atentado grotesco ao verdadeiro sacerdócio de Jesus Cristo. Muitos, ainda que reneguem publicamente tal conceito, ostentam-no no ensino aos seus líderes, isto é, estes são orientados a considerá-los sacerdotes de Cristo a serviço do povo. “Nós somos sacerdotes” de Deus para cuidar do rebanho, dizem, quando biblicamente toda a igreja é povo sacerdotal!

6. O reino deles é deste mundo.

A nova liderança dos neopentecostais tem outro foco que não é o reino de Deus futuro, mas o reino deles, agora. Eles têm prazer nas coisas do mundo. Seu império particular e o império de sua denominação ou de suas comunidades constituem o reino deles na terra. Enquanto todos os demais trabalham para a vinda do reino, esses novos líderes creem que estão no reino, e que já são príncipes de Cristo aqui na terra. E para viver como príncipes, formam seu séquito de seguidores que os servem humildemente. Enquanto Jesus apontava para a chegada iminente do reino de Deus, a nova liderança da igreja crê que vive o reino, aqui e agora!

Por isso intrometem-se na política, pensando que por ela governarão na terra e trarão o governo de Cristo aos homens. E, da mesma forma que entram na política e buscam para si títulos políticos, se prostituem com o sistema e podem ser vistos agradecendo a Deus pelas graças recebidas, como no caso dos deputados evangélicos neopentecostais do Distrito Federal. Estes são a pontinha do iceberg, porque existem milhares de pastores vendidos ao mundo e que recebem polpudas somas de dinheiro para transformar sua congregação em curral eleitoral.

7. Acreditam que o juízo dos crentes não é para eles; porque estão acima dos demais.

Por isso, perderam o temor de Deus e nem imaginam o que lhes espera no dia do juízo de Cristo, quando todos haveremos de prestar contas. Quando se perde o temor de Deus leva-se uma vida desenfreada de pecado, escondida sob o manto da espiritualidade e da vida piedosa.

Criticam a Balaão mas vivem como ele, profetizando em nome de Deus, mas de olho nos bens de Balaque – porque são insaciáveis financeiramente. São estes os novos líderes que à semelhança de Coré, Datã e Abirão defendem seu sacerdócio e proclamam que também “têm direitos espirituais”, como nos dias de Moisés. À semelhança de Caim pecam voluntaria e conscientemente, esquecendo que já receberam na testa o sinal de Deus que os manterá sob juízo e condenação.

À luz dessas sete características é possível identificar o tipo de igreja que se frequenta, o tipo de lider que se obedece e decidir se deve seguir o caminho do discipulado cristão ou se fará parte desse novo reino dos deuses da terra.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pragmatismo Religioso

Michael Horton*


Sabe, porém isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão egoístas, avarentos jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante: porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles (II Tim. 3:1-9).


A Inglaterra, que uma vez já foi conhecida pela sua vitalidade espiritual, agora está mergulhada numa letargia espiritual e a visão missionária dos Estados Unidos está substituindo aquilo que a Inglaterra deixou de lado. Além disso, muita coisa do que Deus está fazendo hoje está acontecendo fora desses dois países. Eu espero que a Igreja no Brasil esteja em constante oração para que, a partir do Brasil, uma outra reforma e um grande despertamento venha e tome conta do mundo.

Não sabemos o que Deus vai fazer no mundo, mas seria muito emocionante se pudéssemos fazer parte daquilo que Ele deseja fazer no Brasil. É maravilhoso ser um cristão e saber que Deus tem todas as coisas debaixo do Seu controle. Todos nós sabemos da necessidade de um grande avivamento, mas ao mesmo tempo existe uma grande polêmica nesses dias sobre a questão. Sem sombra de dúvidas, se convidássemos as pessoas para uma reunião de avivamento, muitas delas viriam com conceitos diferentes do que é avivamento. Assim sendo, faz-se necessário ter uma definição clara em nossa mente do significado desse termo. Qual a diferença entre avivamento e avivalismo, se assim podemos chamar?

Avivalismo e Pragmatismo - Avivalismo, especialmente na tradição deixada por Carlos Finney, é, na realidade, um fenômeno americano e queremos tratar de parte desse fenômeno. Não somente porque é um produto feito na América, mas porque muitos dos movimentos que estão vindo dos Estados Unidos para outras partes do mundo têm essa visão característica de entender avivamento segundo o modelo de Carlos Finney.

Esse modelo tem como base o que nós chamamos de pragmatismo. Se você for abrir um negócio você tem que ser pragmático e se você vai criar uma família, existe uma série de considerações práticas que você precisa sempre ter em mente; e, certamente, o mesmo se aplica quando nós estamos fundando uma Igreja e queremos desenvolvê-la.

Todos sabemos que há preocupações práticas que devemos considerar, mas o pragmatismo é uma filosofia que empurra para a periferia uma série de princípios fundamentais e elege, como único fator relevante, a questão: “Isso funciona?”

Quais os perigos do pragmatismo?

Voltando para o texto de II Tim. 3: 1-9, consideraremos primeiramente os aspectos relativos à nossa chamada para o ministério. Vejamos, então, o contexto do nosso ministério. Paulo se refere a esse contexto como sendo o dos “últimos dias”. Sabemos que os “últimos dias” começaram com o tempo dos apóstolos, e terminarão com a segunda vinda do nosso Senhor. Portanto, estamos vivendo nos “últimos dias”, como, também, Timóteo estava vivendo nos “últimos dias”. Qual é o contexto, então, do ministério nesse período entre as duas vindas de Cristo?

Paulo diz, em primeiro lugar, que nos últimos dias os homens serão amantes de si mesmos.
Narcisimo e Auto-Estima - Christen Lash, um sociólogo americano bastante conhecido, escreveu um livro sobre a cultura americana cujo título é: “O culto do Narcisismo”. Essa é uma acusação difícil de se fazer, porque o que ela implica é que a cultura americana é uma cultura onde as pessoas se endeusam. E como vocês se lembram “Narciso” é o nome daquele jovem da lenda grega que costumava admirar o seu próprio reflexo no espelho das águas. Mas isso não somente é parte da nossa cultura, como também se tornou parte das nossas igrejas. Muitos dos movimentos que se entitulam “avivados”, em nossos dias, simplesmente estão reavivando o narcisismo, ou seja: a adoração do “eu”. Isso pode ser visto na declaração de um desses pastores que afirmou: “A Reforma errou porque foi centralizada em Deus e não no homem, como devia ser”. Esse pastor escreveu um livro cujo título é: “Crendo no Deus Que Crê em Você”. Uma certa ocasião, trouxemos esse cidadão para falar no nosso programa de rádio. Então eu li essa passagem, onde Paulo diz que as pessoas serão amantes de si mesmas, e perguntei-lhe: “Como você pode dizer às pessoas que a salvação começa com o amor próprio, quando Paulo diz que nos últimos dias as pessoas serão amantes de si mesmas? Não estaria ele dizendo que isso é uma coisa errada, e que nós não devíamos ser amantes de nós mesmos? E como Deus vai nos fazer felizes com esse falso evangelho narcisista?”

O que está acontecendo é que a piedade e a santidade deixaram de ser os referenciais pelos quais julgamos se um movimento é ou não é do Espírito. Assim, o critério que tem sido adotado é: “Funciona? Vai me fazer feliz? Vai me ajudar a criar minha família? Vai consertar o meu casamento?”. Todas essas questões são importantes, à luz das Escrituras, mas não são as mais importantes.

Em segundo lugar, Paulo diz que eles serão amantes do dinheiro. Porque as pessoas amam excessivamente a si mesmas, elas criam o evangelho da auto-estima; e porque as pessoas amam excessivamente o dinheiro, elas criam o evangelho da prosperidade.

Rebeldia, desprezo pelo passado e busca do prazer - Paulo diz ainda que haverá muito orgulho e revolta contra as autoridades. Haverá pessoas desobedientes aos pais. Uma geração não se preocupará com a geração anterior. O cantor Bob Marley escreveu uma música sobre a cultura americana dizendo: “Povo do futuro, onde está o teu passado? Povo do futuro, quanto tempo vocês vão durar?” O povo que não tem passado também não tem futuro. Não sei se Bob Marley era crente, mas com certeza esses versos refletem um ponto de vista bíblico ao tentar se segurar naquilo que pede o seu passado.

Eu quero lhes garantir que se levarem a doutrina bíblica a sério, muitos irmãos e irmãs vão lhes dizer que vocês não estão andando nos passos do Espírito; vão lhes dizer que o Espírito Santo hoje quer fazer uma coisa inteiramente nova, tal como nunca fez no passado. E o que vocês vão falar? Vão falar sobre os grandes avivamentos do passado, sobre a Reforma? Qual o valor disso para os amantes de si mesmos e materialistas? Eles responderão que Deus está fazendo algo completamente diferente nos dias de hoje. Mais uma vez eu quero lembrar que isso faz parte do narcisismo que diz o seguinte: - “eu é que sou importante e aqueles da minha geração é que são importantes e não os que vieram antes de nós”.

E ele diz também que as pessoas serão hedonistas, amantes do prazer, nos últimos dias; como ele diz no verso 4, serão mais “amigos dos prazeres que amigos de Deus”. Mais uma vez queremos enfatizar: Se você perguntar em uma Igreja: “Vocês concordam com o hedonismo?” Creio que ninguém vai responder sim a essa pergunta. Mas se você entrar numa livraria evangélica, se ouvir uma emissora de rádio evangélica, se prestar atenção a muitos sermões evangélicos, você ouvirá mensagens afirmando que o Cristianismo é a melhor maneira para você se auto-realizar. Quantos testemunhos temos visto que funcionam como comerciais de televisão? Nos Estados Unidos, temos aquelas propagandas de dieta que mostram uma pessoa antes e depois da dieta. Muitas vezes, os testemunhos dos crentes são assim: “Antes eu era triste, agora sou feliz; antes eu era deprimido, mas agora eu estou extremamente motivado para viver”. Esses são benefícios maravilhosos, mas, por vezes, a verdade é que nós, como cristãos, nos tornamos tristes. Algumas vezes, o caminho da cruz é o caminho do sofrimento, e nem sempre estamos tão entusiasmados a respeito disso. Apesar de tudo isso, a perspectiva que predomina nos nossos dias é que temos que viver para satisfazer a nós mesmos.

Moralidade sem piedade

- No verso 5 do texto destacado, Paulo diz: “tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. Veja bem! O que Paulo está dizendo é que pode haver uma moralidade sem Deus. Existem pagãos que tem uma vida moral excelente, e há ímpios que acreditam ser errado você trair sua esposa. Há pessoas não cristãs que têm famílias muito boas. Mas será que este é o propósito do cristianismo? Consertar tudo aquilo que está moralmente errado no mundo, ou será que o foco está em Deus, nos Seus mandamentos justos, e no Evangelho pelo qual nós devemos viver?

É esse o contexto do nosso ministério. Então respondamos à pergunta: Qual o nosso chamado para o ministério? O exemplo de Paulo é alguma coisa que temos de imitar nesse sentido. Mas agora perguntamos: Como, historicamente, essa filosofia do pragmatismo dominou o pensamento moderno? A figura mais destacada no cenário evangélico, neste sentido, é a de Carlos Finney. Quantos de vocês já ouviram falar de Carlos Finney? Quase todo mundo. Isso é significante porque Finney é uma pessoa muito importante para aqueles que são proponentes do movimento de crescimento da Igreja e do movimento de sinais e prodígios.

Evangelho ou Pragmatismo?

- Carlos Finney era presbiteriano, mas atacou a Confissão de Fé de Westminster que ele próprio subscrevera. Ele a chamou de: “um papa de papel”. Ele dizia, no século XIX em que viveu: “Nós já somos pessoas muito ilustradas e racionais para acreditar em todas essas coisas aí que a Confissão de Fé está dizendo”. Vejam algumas das coisas que Carlos Finney escreveu:

Quando o homem se torna religioso - disse Finney - ele não recebe um poder que não tinha antes, ele simplesmente muda a sua vontade, e resolve seguir, agora, numa direção moral. Religião é obra do homem, não é um milagre e nem depende de um milagre em qualquer sentido; é simplesmente um resultado filosófico do uso correto de técnicas. O homem já possui, por natureza, toda a habilidade necessária para prestar perfeita obediência a Deus, portanto o objetivo do ministro é emocionar as pessoas até que se disponham a tomar essas decisões.

Foi dessa filosofia que nasceu o que ficou chamado naquela época de “novas medidas introduzidas por Finney”. Por exemplo: O sistema de apelo para que as pessoas se manifestem fisicamente e caminhem até à frente em resposta à pregação nasceu com Carlos Finney, nesse período. Em sua Teologia Sistemática, Finney nega explicitamente a doutrina do pecado original. Ele diz ainda que a doutrina da substituição vicária de Cristo é uma ficção, e que a justificação pela graça, por meio da fé somente, é “outro evangelho”. Com certeza, é um evangelho diferente daquele que Finney estava pregando.

É isso que Paulo diz a Timóteo, quando fala de pessoas que têm forma de piedade mas negam, entretanto, o seu poder. Afinal de contas, onde reside o poder da piedade? É o poder de Deus para a salvação! E que poder é esse? É o evangelho de Jesus Cristo! Somente o Evangelho pode nos capacitar a viver a vida cristã. Portanto, é possível ter moralidade sem piedade; e esse é o resultado do pragmatismo.

Mais tarde, tornou-se conhecida a idéia de D.L. Moody. Ele disse no século XIX que não faz nenhuma diferença como você leva alguém a Deus; se você conseguir fazer isso, não importa o meio. O importante é levar, de qualquer maneira, a Deus.

Uma vez perguntaram a Moody: Qual é a sua teologia? Ele disse: “Minha teologia? nem sei se eu tenho uma!”. Vejam bem! Moody era um vendedor de sapatos, e um dia ele disse que ao se tornar evangelista não mudou de profissão, o que ele havia feito era trocado de produto.

Como abordamos o pragmatismo corporativo da nossa cultura? Alguns dizem que a contribuição distinta da América para a história da filosofia foi a criação do pragmatismo. Um dos grandes pais do pragmatismo e quem o transferiu da esfera religiosa para a esfera secular foi William James. Ele era filho de pastor; pastor, ele próprio, e também professor da Universidade de Harward. Ele disse: “Faça a seguinte pergunta: Como é que você define que determinada verdade é o que você deve crer?” E acrescentou: “A resposta é que você tem que determinar o seu valor em termos de experiência e resultado”. Então, com princípios pragmáticos, analisou a doutrina de Deus dizendo o seguinte: “Se a doutrina de Deus funciona, então é verdade. O pragmatismo tem que adiar questões dogmáticas porque no começo nós não sabemos qual reivindicação doutrinária vai produzir resultado”.

Acredito que quase ninguém iria marcar essas coisas num exame tipo teste dizendo que acredita nelas, mas, na prática, o que acontece é que esse é o credo do evangelicalismo mundial hoje. Um evangelista americano famoso disse: “Não tente entender, simplesmente comece a desfrutar, porque funciona; eu já tentei”. Ele estava falando a respeito da meditação transcendental da Nova Era. Na década de 50 do nosso século, esse pragmatismo se desenvolveu em termos de pensamento positivo. Foi então publicado um livro chamado “A Mágica do Crer”. Esse livro propõe que há uma certa qualidade mágica no simples ato de crer. Porém, a verdade é outra. No cristianismo, o que salva não é o ato da fé, mas sim o objeto da fé. Nós não somos salvos pela fé, não somos justificados pela fé; nós somos justificados pela justiça de Cristo que nos é imputada. Mas hoje em dia, desenvolveram essa equação de que fé é igual a pensamento positivo. Na realidade, essa última frase que mencionei foi uma citação de Peter Wagner.

Deus como objeto de consumo

- Muito bem! Esses conceitos funcionam numa sociedade materialista, que está satisfeita e centralizada no ego; pode funcionar muito bem na América do final do século XX, pode ser até que funcione em São Paulo também, e pode funcionar em Londres. Mas imagine o seguinte quadro: Você vai a um cristão do século I e diz a ele que a razão principal pela qual ele está indo para a boca dos leões é porque o Cristianismo funcionou melhor do que as outras religiões!

Os testemunhos que temos no Novo Testamento são muito diferentes dos testemunhos que nós vemos hoje em dia. No Novo Testamento temos a palavra de testemunhas oculares, que é muito mais importante que o nosso próprio testemunho. O que é que Paulo disse em I Cor. 15? Ele disse: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e é vã a vossa fé... Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”. Ele não diz “pelo menos vocês têm uma vida feliz e saudável!”. E ele também não está dizendo “Bem! o que é que você pode perder?” Por que Paulo não fez isso? porque ele não era um pragmático. Paulo fundamentava todas as reivindicações da fé cristã no Evangelho verdadeiro.

Temos que nos perguntar: “Será que não estamos usando a Deus? Será que, finalmente, não embarcamos nesse consumismo da nossa sociedade? Será que não estamos tratando a Deus como tratamos um produto?” São perguntas muito importantes que devem ser feitas a nós mesmos. “Será que Deus está nos usando ou nós estamos usando a Deus?”

Reavivamento e Reforma não virão à Igreja até que a mentalidade dos crentes seja desviada desse egoísmo humano, da centralização no homem que Paulo descreve, para o verdadeiro Evangelho e para Deus.

Nos Estados Unidos, temos um adesivo que diz: “Jesus é a resposta”. Os incrédulos fizeram um outro adesivo para retrucar a esse: “Qual é a pergunta?” Considere, agora, o que diz o pragmatismo: “Eu não sei qual é o seu problema, mas qualquer que seja, Deus pode resolver. O seu carro está enguiçado? A sua vida familiar não está progredindo como devia? Deus pode consertar em um piscar de olhos!”. Assim, passamos a consumir a Deus. Nós usamos a Deus, ao invés de amá-Lo, servi-Lo e honrá-Lo.

Muito bem! Então qual é o propósito do nosso ministério? Vejamos o que diz Paulo:

Tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, - que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. Ora todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção para a educação na justiça. a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, que não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as cousas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério (II Tim. 3:10-4:5)

O modelo apostólico

- Em primeiro lugar, o propósito do nosso ministério é seguir o modelo apostólico. Paulo menciona aqui o seu ensino, a sua maneira de viver, o seu propósito, a sua fé, a sua paciência, o seu amor, e a sua perseverança diante das tribulações. Perseguições? Sim! É o que ele diz no verso 12. Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Será que é isso o que estamos ouvindo hoje? Ou será que estamos ouvindo outra mensagem? Algumas vezes você vai pensar que não está dando certo, que as coisas não estão funcionando como deveriam, como lemos em Romanos, capítulo 7. Nós sofreremos como cristãos, e ainda vamos sofrer com os nossos pecados.

A proclamação da Lei e do Evangelho - Além de seguir o seu exemplo, Paulo quer que Timóteo também se firme naquelas verdades que aprendeu quando era jovem. Veja que Paulo, ao invés de nos levar à questão do pragmatismo: “Será que funciona?”, ele nos conduz para as Escrituras. Ele diz: “prega a Palavra”, com muita paciência instruindo as pessoas. Porque haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina. Ao contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como quem sente coceira nos ouvidos (4:3).

Vejam! sempre temos coceira nos ouvidos. Pragmatismo não é uma coisa nova. Na realidade já foi praticado desde o jardim do Éden. Quando Eva viu que a árvore era agradável para se ver, para descobrir o conhecimento e desejável para trazer entendimento; então ela tomou do fruto e comeu. O que significa para nós “pregar a Palavra”? O que Paulo quer dizer no verso 5 “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista”?. O que ele quer dizer com isso, “pregar a Palavra”? Vez após vez, Paulo e os demais escritores bíblicos nos dizem que isso é a proclamação da lei. Na verdade, é pela proclamação da lei santa de Deus que nós somos tocados e feridos. A lei de Deus vem até nós e ela não vem dizendo assim: “Eu vou transformar a tua vida numa vida feliz!”, ela não vem dizendo: “Vou te dar prosperidade!”. Na realidade, a lei vem para nos dizer exatamente aquilo que Deus tem dito que requer de nós. A lei nos confronta com a glória de Deus e a nossa pecaminosidade torna isso aterrorizante!

Finalmente, o Evangelho vem e causa também impressão em nós. Há uma Igreja no Estado do Arizona, cujo pastor, numa entrevista que foi publicada na revista Newsweek, disse: “As pessoas hoje em dia não estão preocupadas com doutrinas como justificação, salvação ou expiação. Nos dias de hoje, ninguém entende esses termos. O que nós precisamos fazer é atender as necessidades das pessoas!”

Imaginem um professor! Vocês não acham que seria muito estranho se o professor chegasse dizendo assim: “Não posso ensinar o alfabeto para esta criança porque ela ainda não sabe português”. Esse é o tipo de argumento que esse pastor estava apresentando. Tanto que o que hoje se passa com o nome de pregação, na realidade, não é pregação da Palavra. Porque não apresenta nem a Lei nem o Evangelho. Esses pastores começam decidindo o que é que as pessoas de sua igreja desejam ouvir. Quais são os pontos que estão em moda hoje? Quais são as necessidades das pessoas dos dias de hoje? E aí, então, eles vão às Escrituras e procuram e acham passagens que podem ser usadas para apoiar essa necessidade, ao invés de, indo ao texto, perguntarem primeiro como a santidade de Deus nos convence do nosso pecado e como o Evangelho de Cristo pode ser tão claro que até pecadores como nós podem se arrepender e crer.

Mas vocês, irmãos e irmãs, ouçam o que Paulo diz, sejam sóbrios em todas essas coisas, preguem a palavra, suportem as aflições, façam o trabalho de evangelista, e cumpram cabalmente o ministério.