BÍBLIA DE ESTUDO BATALHA ESPIRITUAL E VITÓRIA FINANCEIRA SOB UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL E ORTODOXA
Estamos ministrando na A.D. em J. Paulista Baixo, em nosso culto de doutrina (quinta-feira às 19h00), uma série de estudos sobres os erros doutrinários e teológicos presentes nos comentários e notas da referida Bíblia de Estudo. Segue abaixo um esboço do estudo, onde boa parte do texto já foi publicado neste blog.
As Bíblias de estudo são uma ferramenta de grande valor para os estudantes da Palavra de Deus. As notas introdutórias, as informações culturais, sociais, geográficas, políticas, econômicas e espirituais do mundo bíblico, as notas teológicas, os comentários de rodapé, todas estas coisas contribuem para facilitar a pesquisa e a investigação realizada no texto sagrado. Se faz necessário contudo, termos um certo cuidado no uso destas bíblias, como por exemplo, conhecer a linha teológica dos comentaristas, suas bases doutrinárias e seu nível de compromisso com a ortodoxia cristã.
Lançada a pouco tempo no Brasil, a “Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira” é um exemplo de publicação de conteúdo “perigoso”. Ao fazer uma análise dos comentários da mesma sobre o tema “riqueza e pobreza”, percebi alguns equívocos doutrinários que passarei a citá-los:
"Pobreza é escravidão! Ela amarra as pessoas, impedindo-as de terem as coisas que necessitam. A pobreza leva à depressão e ao medo. Não é a vontade de Deus que você viva na escravidão da pobreza. É hora de Deus acabar com a escravidão das dívidas e da pobreza no meio do seu povo! É chegado o momento da liberação de uma unção financeira especial, que quebrará as cadeias da escassez e o capacitará a colher com abundância!" (Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira, introdução xxvii)
Tais idéias são equivocadas pelas seguintes razões:
- Pobreza não é escravidão, trata-se apenas de uma condição sócio-econômica, fruto do pecado, da acomodação, da injustiça social, do egoísmo e de outras mazelas. Você pode ser pobre, e mesmo assim, não ser escravo da pobreza. Você pode ser pobre e ser feliz! João Batista (Mt 3.4), Jesus (Lc 2.21-24 com Lv 12.8), Pedro e João (At 3.1-6), Paulo (2 Co 6.10) e tantos outros servos de Deus, apesar de pobres não eram "escravos" da pobreza. É preciso lembrar que a riqueza também pode promover escravidão (Mt 6.19-24). Desta maneira, não é a pobreza ou a riqueza em si que torna alguém escravo, mas sim, a forma como lidamos com essas condições sócio-econômicas.
- A pobreza "pode" levar alguém à depressão e ao medo, mas não necessariamente. Todos nós conhecemos pessoas que sobrevivem com poucos recursos financeiros, que não são depressivas nem vivem amedrontadas, pois confiam no Senhor que supre todas as nossas necessidades (Mt 6.31-34). Conhecemos também muitos ricos que são depressivos e amedrontados. A própria Bíblia adverte quanto ao males da riqueza mal adquirida e administrada (1 Tm 6.9-10).
- "Não é a vontade de Deus que "você" viva na escravidão das dívidas e da pobreza no meio do seu povo". Você quem? Isso significa que todos os crentes deveriam ser ricos? Você quem? Aquele que comprou a referida Bíblia, ou foi alcançado por seus princípios e ensinamentos? Não amados, nem todos seremos ricos. As razões pelas quais isto não vai acontecer são as mais diversas e complexas possíveis e envolvem fatores sociais, pessoais, espirituais, circunstanciais e outros. Se você contribui com as suas ofertas e dízimos, é trabalhador honesto, se esforça para manter-se qualificado na profissão que exerce, administra com sabedoria o salário que recebe e mesmo assim não alcança a riqueza, não fique triste nem frustrado, contentai-vos com o que tendes (Fp 4.11; Hb 13.5). Seja rico para com Deus (Lc 12.21). Saiba que o mais importante nesta vida não é o quanto você tem, mas o que você é diante do Senhor. Se um dia você ficar rico, dê graças a Deus, se nunca isso acontecer, dê graças a Deus também (1 Ts 5.18).
- Por qual razão Deus só resolveu acabar com a escravidão das dívidas e da pobreza agora, se os fundamentos deste comentário sempre estiveram na Bíblia? Será que Jesus, Paulo, os demais apóstolos, os pais da igreja, os reformadores, os missionários que experimentaram fome e nudez pela causa do mestre nunca enxergaram isso? Deus os privou desta "visão" (aliás, mais uma daquelas visões que só trazem confusão e promovem heresias no Reino de Deus)? Somos uma geração "especial"? Outra coisa, quem disse que a riqueza acaba com as dívidas? Muitos ricos estão proporcionalmente mais endividados do que alguns pobres. A questão da dívida relaciona-se com a forma com de administrarmos os recursos e não em sermos pobres ou ricos.
- "É chegado o momento da liberação de uma unção financeira especial". Percebo que se trata de mais uma "unção especial", como foi a "unção do riso", "unção do leão" e outras "unções", todas fruto de uma interpretação bíblica equivocada e tendenciosa, desassociada de uma análise exegética séria e genuinamente cristã (é bom lembrar que boa parte dos argumentos e notas da citada Bíblia está fundamentada no Antigo Testamento em promessas direcionadas para o povo de Israel). Não existe uma "unção especial financeira". O que a Bíblia nos revela é a bondade, generosidade, misericórdia e graça de Deus, que faz com ele derrame abundantemente suas dádivas sobre aqueles que contribuem com alegria e liberalidade, promovendo assim socorro aos necessitados, recursos para a obra missionária, manutenção do trabalho do Senhor e o suprimento de outras necessidades (2 Co 9.6-15).
Observe o comentário abaixo:
"Se você estiver carregando um fardo financeiro pesado, Deus o libertará. Ele não quer que você lute semana após semana apenas para suprir necessidades básicas. Ele quer libertá-lo da ansiedade mental e da preocupação que oprimem sua mente." (Bíblia Batalha Espiritual e Vitória Financeira, p. 278)
Algumas coisas precisam aqui serem esclarecidas:
- A ênfase da referido comentário deixa de ser dada ao "fardo do pecado" (Mt 11.28-29) e passa ao "fardo financeiro".
- O comentarista afirma que Deus não quer que lutemos para suprimento de nossas necessidades básicas, mas que deseja que sejamos ricos. Na verdade, o Senhor Jesus nos ensina que não devemos "lutar", no sentido dado pelo comentarista, por uma simples razão, é o próprio Deus que supre nossas necessidades básicas como comer, beber e vestir:
"Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.31-33)
- Diz ainda o referido comentarista: "Ele quer libertá-lo da ansiedade mental e da preocupação que oprimem sua mente". Ora, não é a riqueza que nos livra da ansiedade, mas sim, nosso contentamento e confiança em Deus que em todas as coisas e situações nos fortalece:
"Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece." (Fl 4.11-13)
- É necessário lembrar que ser rico, não é em si mesmo pecado (1 Tm 6.17-19), contudo, uma teologia que prioriza a riqueza na vida do cristão não é ortodoxa nem bíblica. Não passa de mais um vento de doutrina (Ef 4.14).
Observe agora a ligação entre a visão sobre pobreza da referida Bíblia com a Teologia da Prosperidade. Comecemos observando alguns textos escritos em defesa da Teologia da Prosperidade, publicados no Brasil:
"Muitos cristãos nascidos de novo e cheios do Espírito vivem num baixo nível de vida, vencidos pelo diabo. Na realidade, falam mais do diabo do que em qualquer outra coisa. Cada vez que contam uma des ventura, exaltam o diabo. Cada vez que contam quão doentes se sentem, exaltam o diabo (ele ó autor das doenças e das enfermidades - e não Deus)." (HAGIN, 1988, p. 19 apud PIERATT, 1993, p. 55)
" [...] Um outro observou: ' Sabe, Jesus e os discípulos nunca andaram num Cadilac.' Não havia Cadilac naquela época. Mas Jesus andou numjumento. Era o Cadilac naquela época - o melhor meio de transporte existente. Os crentes têm permitido ao diabo lesá-los em todas as bênçãos que poderiam usufruir. Não era intenção de Deus que vivêssemos em pobreza. Ele disse que éramos para reinar em vida como reis. quem jamais imaginaria um rei vivendo em estrita pobreza? A idéia de pobreza simplesmente não combina com reis." (HAGIN, p. 48 apud PIERAT, 1993, p. 59)
" Não ore mais por dinheiro [...] Exija tudo o que precisar." (HAGIN, p. 17 apud ROMEIRO, 1998, p. 43)
Agora compare com o que está publicado como comentário na Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira:
"Jesus veio destruir as obras do Diabo: 'Para isso o Filho do Homem se manifestou: para destruir as obras do Diabo' (1 Jo 3.8). O pecado, a enfermidade, a pobreza e a morte são jugos do Inimigo! Você não tem de ficar amarrado à pobreza! Jesus veio libertá-lo de todo jugo que o Inimigo queira impor sobre você!" (p. 278)
O que há em comum entre os textos citados? A resposta é clara: todos estão construídos sobre os fundamentos da Teologia da Prosperidade. A lógica desta teologia é simples: doença e pobreza são do diabo. Se o Cristão está doente ou vive em pobreza, encontra-se debaixo do jugo do inimigo, ou nem é crente de verdade.
"Alguém uma vez me disse: Mas, Deus não colocou os médicos no mundo? [...] eu respondi: É verdade. Ele é tão bom que pensou nos crentes incrédulos. (SOARES, 1987, p. 40 apud PIERATT, 1993, p. 57)
Seguindo esse raciocínio, segue abaixo uma lista ampliada de personagens bíblicos que viveram debaixo do jugo do Inimigo:
- Eliseu (2 Rs 13.14-21) Enfermidade
- João Batista (Mt 3.4) Pobreza
- Jesus (Lc 2.21-24 com Lv 12.8) Pobreza (imagina que nem ele escapou!!!!)
- Lázaro (Jo 11.1-5) Enfermidade
- Pedro e João (At 3.1-6) Pobreza
- Paulo (2 Co 6.10) Pobreza
- Epafrodito (Fp 2.27) Enfermidade
- Timóteo (1 Tm 5.23) Enfermidade
- Trófimo (2 Tm 4.20) Enfermidade
Certamente conhecemos na atualidade, homens e mulheres de Deus (como os citados acima), que se encontram enfermos ou vivem em situação de pobreza (alguns inclusive vivenciam as duas situações). Será que todos eles estão debaixo do jugo de Satanás. Embora o Inimigo possa promover enfermidades e pobreza, nem toda enfermidade e pobreza surgem da parte dele:
"Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados."
(Lm 3.39)
Se não fizermos exames de saúde periódicos ou não tivermos uma boa educação alimentar, e isto resultar numa enfermidade, a culpa é do Diabo? É claro que não, a culpa é nossa!
Se não administrarmos bem as finanças, não tratarmos com cuidado o orçamento doméstico, se fizermos um mau investimento, a culpa sempre será do Inimigo?
Volto a ressaltar que fatores sociais, econômicos, culturais e pessoais são a causa de muitos sofrimentos e privações na vida do cristão.
Entendo que é necessária uma ação urgente da parte dos pastores e líderes das igrejas, para que os teólogos, profetas, mestres e pregadores da "teologia da prosperidade" e da "vitória financeira", não enganem ou confundam nossos membros, congregados e até outros líderes com estas falsas idéias.
Lançada a pouco tempo no Brasil, a “Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira” é um exemplo de publicação de conteúdo “perigoso”. Ao fazer uma análise dos comentários da mesma sobre o tema “riqueza e pobreza”, percebi alguns equívocos doutrinários que passarei a citá-los:
"Pobreza é escravidão! Ela amarra as pessoas, impedindo-as de terem as coisas que necessitam. A pobreza leva à depressão e ao medo. Não é a vontade de Deus que você viva na escravidão da pobreza. É hora de Deus acabar com a escravidão das dívidas e da pobreza no meio do seu povo! É chegado o momento da liberação de uma unção financeira especial, que quebrará as cadeias da escassez e o capacitará a colher com abundância!" (Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira, introdução xxvii)
Tais idéias são equivocadas pelas seguintes razões:
- Pobreza não é escravidão, trata-se apenas de uma condição sócio-econômica, fruto do pecado, da acomodação, da injustiça social, do egoísmo e de outras mazelas. Você pode ser pobre, e mesmo assim, não ser escravo da pobreza. Você pode ser pobre e ser feliz! João Batista (Mt 3.4), Jesus (Lc 2.21-24 com Lv 12.8), Pedro e João (At 3.1-6), Paulo (2 Co 6.10) e tantos outros servos de Deus, apesar de pobres não eram "escravos" da pobreza. É preciso lembrar que a riqueza também pode promover escravidão (Mt 6.19-24). Desta maneira, não é a pobreza ou a riqueza em si que torna alguém escravo, mas sim, a forma como lidamos com essas condições sócio-econômicas.
- A pobreza "pode" levar alguém à depressão e ao medo, mas não necessariamente. Todos nós conhecemos pessoas que sobrevivem com poucos recursos financeiros, que não são depressivas nem vivem amedrontadas, pois confiam no Senhor que supre todas as nossas necessidades (Mt 6.31-34). Conhecemos também muitos ricos que são depressivos e amedrontados. A própria Bíblia adverte quanto ao males da riqueza mal adquirida e administrada (1 Tm 6.9-10).
- "Não é a vontade de Deus que "você" viva na escravidão das dívidas e da pobreza no meio do seu povo". Você quem? Isso significa que todos os crentes deveriam ser ricos? Você quem? Aquele que comprou a referida Bíblia, ou foi alcançado por seus princípios e ensinamentos? Não amados, nem todos seremos ricos. As razões pelas quais isto não vai acontecer são as mais diversas e complexas possíveis e envolvem fatores sociais, pessoais, espirituais, circunstanciais e outros. Se você contribui com as suas ofertas e dízimos, é trabalhador honesto, se esforça para manter-se qualificado na profissão que exerce, administra com sabedoria o salário que recebe e mesmo assim não alcança a riqueza, não fique triste nem frustrado, contentai-vos com o que tendes (Fp 4.11; Hb 13.5). Seja rico para com Deus (Lc 12.21). Saiba que o mais importante nesta vida não é o quanto você tem, mas o que você é diante do Senhor. Se um dia você ficar rico, dê graças a Deus, se nunca isso acontecer, dê graças a Deus também (1 Ts 5.18).
- Por qual razão Deus só resolveu acabar com a escravidão das dívidas e da pobreza agora, se os fundamentos deste comentário sempre estiveram na Bíblia? Será que Jesus, Paulo, os demais apóstolos, os pais da igreja, os reformadores, os missionários que experimentaram fome e nudez pela causa do mestre nunca enxergaram isso? Deus os privou desta "visão" (aliás, mais uma daquelas visões que só trazem confusão e promovem heresias no Reino de Deus)? Somos uma geração "especial"? Outra coisa, quem disse que a riqueza acaba com as dívidas? Muitos ricos estão proporcionalmente mais endividados do que alguns pobres. A questão da dívida relaciona-se com a forma com de administrarmos os recursos e não em sermos pobres ou ricos.
- "É chegado o momento da liberação de uma unção financeira especial". Percebo que se trata de mais uma "unção especial", como foi a "unção do riso", "unção do leão" e outras "unções", todas fruto de uma interpretação bíblica equivocada e tendenciosa, desassociada de uma análise exegética séria e genuinamente cristã (é bom lembrar que boa parte dos argumentos e notas da citada Bíblia está fundamentada no Antigo Testamento em promessas direcionadas para o povo de Israel). Não existe uma "unção especial financeira". O que a Bíblia nos revela é a bondade, generosidade, misericórdia e graça de Deus, que faz com ele derrame abundantemente suas dádivas sobre aqueles que contribuem com alegria e liberalidade, promovendo assim socorro aos necessitados, recursos para a obra missionária, manutenção do trabalho do Senhor e o suprimento de outras necessidades (2 Co 9.6-15).
Observe o comentário abaixo:
"Se você estiver carregando um fardo financeiro pesado, Deus o libertará. Ele não quer que você lute semana após semana apenas para suprir necessidades básicas. Ele quer libertá-lo da ansiedade mental e da preocupação que oprimem sua mente." (Bíblia Batalha Espiritual e Vitória Financeira, p. 278)
Algumas coisas precisam aqui serem esclarecidas:
- A ênfase da referido comentário deixa de ser dada ao "fardo do pecado" (Mt 11.28-29) e passa ao "fardo financeiro".
- O comentarista afirma que Deus não quer que lutemos para suprimento de nossas necessidades básicas, mas que deseja que sejamos ricos. Na verdade, o Senhor Jesus nos ensina que não devemos "lutar", no sentido dado pelo comentarista, por uma simples razão, é o próprio Deus que supre nossas necessidades básicas como comer, beber e vestir:
"Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.31-33)
- Diz ainda o referido comentarista: "Ele quer libertá-lo da ansiedade mental e da preocupação que oprimem sua mente". Ora, não é a riqueza que nos livra da ansiedade, mas sim, nosso contentamento e confiança em Deus que em todas as coisas e situações nos fortalece:
"Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece." (Fl 4.11-13)
- É necessário lembrar que ser rico, não é em si mesmo pecado (1 Tm 6.17-19), contudo, uma teologia que prioriza a riqueza na vida do cristão não é ortodoxa nem bíblica. Não passa de mais um vento de doutrina (Ef 4.14).
Observe agora a ligação entre a visão sobre pobreza da referida Bíblia com a Teologia da Prosperidade. Comecemos observando alguns textos escritos em defesa da Teologia da Prosperidade, publicados no Brasil:
"Muitos cristãos nascidos de novo e cheios do Espírito vivem num baixo nível de vida, vencidos pelo diabo. Na realidade, falam mais do diabo do que em qualquer outra coisa. Cada vez que contam uma des ventura, exaltam o diabo. Cada vez que contam quão doentes se sentem, exaltam o diabo (ele ó autor das doenças e das enfermidades - e não Deus)." (HAGIN, 1988, p. 19 apud PIERATT, 1993, p. 55)
" [...] Um outro observou: ' Sabe, Jesus e os discípulos nunca andaram num Cadilac.' Não havia Cadilac naquela época. Mas Jesus andou numjumento. Era o Cadilac naquela época - o melhor meio de transporte existente. Os crentes têm permitido ao diabo lesá-los em todas as bênçãos que poderiam usufruir. Não era intenção de Deus que vivêssemos em pobreza. Ele disse que éramos para reinar em vida como reis. quem jamais imaginaria um rei vivendo em estrita pobreza? A idéia de pobreza simplesmente não combina com reis." (HAGIN, p. 48 apud PIERAT, 1993, p. 59)
" Não ore mais por dinheiro [...] Exija tudo o que precisar." (HAGIN, p. 17 apud ROMEIRO, 1998, p. 43)
Agora compare com o que está publicado como comentário na Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira:
"Jesus veio destruir as obras do Diabo: 'Para isso o Filho do Homem se manifestou: para destruir as obras do Diabo' (1 Jo 3.8). O pecado, a enfermidade, a pobreza e a morte são jugos do Inimigo! Você não tem de ficar amarrado à pobreza! Jesus veio libertá-lo de todo jugo que o Inimigo queira impor sobre você!" (p. 278)
O que há em comum entre os textos citados? A resposta é clara: todos estão construídos sobre os fundamentos da Teologia da Prosperidade. A lógica desta teologia é simples: doença e pobreza são do diabo. Se o Cristão está doente ou vive em pobreza, encontra-se debaixo do jugo do inimigo, ou nem é crente de verdade.
"Alguém uma vez me disse: Mas, Deus não colocou os médicos no mundo? [...] eu respondi: É verdade. Ele é tão bom que pensou nos crentes incrédulos. (SOARES, 1987, p. 40 apud PIERATT, 1993, p. 57)
Seguindo esse raciocínio, segue abaixo uma lista ampliada de personagens bíblicos que viveram debaixo do jugo do Inimigo:
- Eliseu (2 Rs 13.14-21) Enfermidade
- João Batista (Mt 3.4) Pobreza
- Jesus (Lc 2.21-24 com Lv 12.8) Pobreza (imagina que nem ele escapou!!!!)
- Lázaro (Jo 11.1-5) Enfermidade
- Pedro e João (At 3.1-6) Pobreza
- Paulo (2 Co 6.10) Pobreza
- Epafrodito (Fp 2.27) Enfermidade
- Timóteo (1 Tm 5.23) Enfermidade
- Trófimo (2 Tm 4.20) Enfermidade
Certamente conhecemos na atualidade, homens e mulheres de Deus (como os citados acima), que se encontram enfermos ou vivem em situação de pobreza (alguns inclusive vivenciam as duas situações). Será que todos eles estão debaixo do jugo de Satanás. Embora o Inimigo possa promover enfermidades e pobreza, nem toda enfermidade e pobreza surgem da parte dele:
"Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados."
(Lm 3.39)
Se não fizermos exames de saúde periódicos ou não tivermos uma boa educação alimentar, e isto resultar numa enfermidade, a culpa é do Diabo? É claro que não, a culpa é nossa!
Se não administrarmos bem as finanças, não tratarmos com cuidado o orçamento doméstico, se fizermos um mau investimento, a culpa sempre será do Inimigo?
Volto a ressaltar que fatores sociais, econômicos, culturais e pessoais são a causa de muitos sofrimentos e privações na vida do cristão.
Entendo que é necessária uma ação urgente da parte dos pastores e líderes das igrejas, para que os teólogos, profetas, mestres e pregadores da "teologia da prosperidade" e da "vitória financeira", não enganem ou confundam nossos membros, congregados e até outros líderes com estas falsas idéias.
Vale lembrar, que a Teologia da Prosperidade é combatida e repudiada claramente em nossas publicações (CPAD), inclusive em lições bíblicas da ED.
No amor de Cristo e pela sã doutrina,
BIBLIOGRAFIA
ANKERBERG, John; WELDON, John. O movimento da fé. Porto Alegre: Chamada da Meia Noite, 1996.
No amor de Cristo e pela sã doutrina,
BIBLIOGRAFIA
ANKERBERG, John; WELDON, John. O movimento da fé. Porto Alegre: Chamada da Meia Noite, 1996.
Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2007.
PIERATT, alan B. O evangelho da prosperidade: análise e resposta. São Paulo: Edições Vida Nova, 1993.
ROMEIRO, Paulo. Supercrentes: o evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os profetas da prosperidade. 6. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
SOARES, Esequias. Heresias e modismo: uma análise crítica das sutilezas de Satanás. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
Pr. Altair Germano da Silva
PIERATT, alan B. O evangelho da prosperidade: análise e resposta. São Paulo: Edições Vida Nova, 1993.
ROMEIRO, Paulo. Supercrentes: o evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os profetas da prosperidade. 6. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
SOARES, Esequias. Heresias e modismo: uma análise crítica das sutilezas de Satanás. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
Pr. Altair Germano da Silva
Relator do Conselho de Educação e Cultura Religiosa da CGADB (Convenção Geral da Assembléia de Deus no Brasil) e Presidente do Conselho de Doutrina daUMADENE União dos Ministros da Assembléia de Deus no Nordeste).
Um comentário:
OI pastor, achei bem legal essa materia que fala em que todos nós temos que ser "RicoS' Como se ser probre fosse um pecado para morte.
È muito legal nós que amamos a palavra de Deus, temos o dever de falar a verdade, mesmo sabendo que as pessoas não estão preparados para ouvir a verdade. Principalmente lideres de nossas igreja Barsil á fora.
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