Teologia da prosperidade (Confissão Positiva)
Nada tem agredido tanto o Evangelho de Cristo em nosso tempo como esta anomalia chamada Teologia da Prosperidade ou Confissão Positiva. Que em síntese prega a salvação como um meio para a prosperidade financeira. Seus expositores afirmam que o cristão verdadeiro tem o direito de exigir prosperidade nesta vida.
Ela teve seu surgimento em 1940 nos EUA com E. W. Kenyon, que desenvolveu estudos sobre o poder da mente e o poder do pensamento positivo. Mas teve maior expressão pelo mundo com Kenneth Hagin que ensinou a famosa "fórmula da fé", a qual ensina que se alguém deseja algo de Jesus, basta segui-la: 1) "Diga a coisa" positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. Essa é a essência da confissão positiva. 2) "Faça a coisa". "Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. 3) "Receba a coisa". A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo. 4) "Conte a coisa" a fim de que outros também possam crer". Segundo ele, o cristão dever usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de dizer: peço, rogo, suplico; jamais dizer: "se for da tua vontade", pois isto destrói a fé.
No Brasil ela teve grande espaço principalmente nas Igrejas Neo-Pentecostais, que usam e abusam da auto-ajuda em sua mensagem, mas teve reflexos também nas Igrejas Pentecostais, Históricas e Católica Romana. A mesma mídia que é usada como ferramenta principal de divulgação, propaga uma abundância de absurdos que envergonham o Evangelho de Cristo.
Foi comprovado pelo IBGE que os evangélicos que mais contribuem com estas igrejas que pregam esta teologia, são os religiosos mais pobres do País. Ou seja, essa teologia na prática não funciona. Aliás, funciona apenas para seus líderes segundo Ariovaldo Ramos, que são os únicos que enriquecem. Sociólogos apontam que isto tem gerado decepção. Porque, ao contrário do prometido, muitos fiéis continuam doentes e desempregados e isso, em contraste com o enriquecimento rápido dos seus líderes.
Esta teologia tem trazido tristes conseqüências para toda a Igreja Evangélica, pois ela atinge conceitos elementares da Teologia. Dentre tantos ressaltamos os cruciais:
Conceito de Deus: Esta relação "toma lá, dá cá", entre o crente e Deus, solapa a linda relação de Pai e filho. Cria uma idéia de umdeus pequeno e manipulado, movido pelo dinheiro, como um deus pagão que está à disposição de qualquer um que o agradar e o comprar com seu dinheiro, não interessando se há relacionamento algum entre ambos.
Conceito da Palavra de Deus: Textos fora de contexto são seus pretextos, a Bíblia é usada como muleta para apoiar suas distorções. Enfatiza-se em demasiado as promessas de Deus de maneira equivocada, deixando de lado a grande mensagem de Jesus do negar a si mesmo, tomar a cruz e segui-lo. Mt 16.24, e do arrependimento e conseqüente mudança radical de vida. Mt 3.2
Conceito de Adoração: É gritante a pobreza do conteúdo das letras dos cânticos evangélicos. O que seria louvor ao Deus majestoso tem sua ênfase no homem, porque hoje o meu milagre vai chegar, e eu sei que chegará minha vez, e o Deus Todo Poderoso e sua glória ficam em segundo plano.
Conceito de Oração: Orar como Jesus nos ensinou como expressão de afeto, chamá-lo de nosso Pai, descansar em sua soberania, humilhar-se diante Dele e suplicar para que se faça a sua vontade em nossa vida não levam a nada, a ordem é determinar, colocar Deus na parede e exigir que Ele responda e rápido.
Conceito de Igreja: A Casa de Deus como lugar de comunhão, abrigo para o cansado e oprimido e do serviço em prol do próximo e do Reino de Deus deu espaço a igrejas franqueadas lideradas por pastores comissionados que a tornaram num lugar puramente comercial, onde cultos obedecem à lei do aquecido mercado da fé.
Todavia não podemos afirmar que esta teologia não tenha construído nada, pois tem construído em nossas Igrejas uma geração de cristãos superficiais, e não se busca a Deus para amá-lo e servi-lo, mas apenas suas bênçãos e manifestações.
Portanto é tempo de voltar-nos para a Bíblia que nos adverte de que, “se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, são homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.” ITm 6.3-11
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